quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Pintura de céu

As cores que vão pintando,
tão lindas, em conjunto,
uma sinfonia uníssona
sinto minha cabeça viajando,
meus pés a dançar.

Uma tela que, tão vazia,
foi ficando cheia de vida
me fez sentir pequena
a vida minha efêmera
quando vejo o que falta e sobra:
o céu, ou uma pintura.

Escrito por Taiane Sena.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

aMAR

o mar
me faz
meu invento
o vento
me carrega
e abraça
me leva
nos braços
e as nuvens
que surgem
que chorem
e pinguem
e pintem
o mar
que está
a amar
as ondas
que batem
arrebatam
me levam
e fazem
sonhar
com meu
pôr e o
meu sol
que vem
do horizonte
ao longe
tão distante
das cores
das dores
de um
arco-íris
em que
passam e
transpassam
as gotas
da chuva
que mudam
e refletem
na umidade
e unidade
de meus olhos
já marejados
das lágrimas
e lástimas
já passadas
que olho
para o mar
e sinto
amor.

escrito por: Taiane Sena.
ps.: você pode ler o poema enquanto ouve isso: (clique aqui e ouça) 

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

dilema

o problema é que a gente espera demais
que as pessoas tenham atitude,
que sejam felizes,
 que não liguem pros que não merecem,
e que seu coração cresça mais e mais
e que se for pra mudar, seja pra melhor,
curem suas e nossas cicatrizes.

a gente quer que o tempo não passe,
o que presente: fique, o passado: esqueça!
o futuro: quem de nós sabe?
que nos floresça, faça amar
e que exerça
o direito não de ir, apenas de vir e ficar.

Escrito por: Taiane Sena.

sábado, 28 de setembro de 2013

dia frio

às vezes, um dia frio é o ideal
pra se pensar na vida medíocre
e tão efêmera, a nossa
que a gente continua deitado
tomando chá de camomila,
tentando esquecer a vida real.

escrito por taiane sena.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

À Procura

Há mais ou menos dois anos, comecei a escrever um livro. Ainda não tomei "vergonha na cara" pra terminá-lo (rsrs), mas aí vai um gostinho. Se chama "À Procura". À procura de quê? Liberdade, amor, sonhos...


***


À  procura
Taiane Sena





Um conto
A  garota

  E era movida por palavras. Vivia somente por isso. Ela não tinha casa, nem família, nem direção. O que a restava era sua máquina de escrever, algumas folhas e um coração, que fora machucado uma vez, mas jurara a si mesma que nunca, nunca iria se machucar de novo. E escrevia. Ela escrevia sobre amor, ódio, tristeza, solidão. Seria uma ótima escritora, se tivesse a oportunidade. Era a garota do futuro prendida ao passado. Vestia roupas estranhas e sapatos considerados "ultrapassados". Mas era o jeito dela. O jeito doce, puro e feliz. Quase feliz. Sabe, ela gostava de flores. Pequenas, grandes, bonitas, cheirosas, brancas, vermelhas, em botão, murchas, desenhadas por ela mesma. Eram flores. Mas a vida não se resume só a isso. Andava por estradas consideravelmente sujas, não tinha direção. Andava procurando por inspiração. Às vezes, rabiscava duas ou três palavras numa folha de papel meio amassada, mas tinha cuidado ao escrever, para a tinta não acabar. Ela ainda não tivera a sorte de achar uma pena por aí. Ouvia por aí críticas, palavras estranhas, rudes. Mas ela não entendia essas palavras. Chorou umas vezes, sobre a relva. Aquele mundo lhe parecia muito estranho. E a máquina de escrever registrava tudo. Desde o choro até o adormecimento da "Bela". Mas não lhe davam crédito. Suas histórias pareciam tolas de mais para aqueles sábios ou sei lá o quê. Disso ela não entendia. Na verdade, não entendia nada. Só sabia escrever. Escrever sobre seus sentimentos. E era julgada por isso também, por alguns, por pensar com o coração. Mas era mentira, ela pensava antes com a mente, para agir com o coração. E fechava os olhos, só para sonhar um pouco. Sonhar que tinha uma família de verdade, que tinha amigos de verdade, que tinha um amor de verdade. E adormecia. Em qualquer lugar, não tinha paradeiro. E logo depois "Puxa, como sonhei!". E se machucava mais um pouco. Teve um dia que sonhou que as pessoas lhe entendiam. Mas, logo depois, acordou. Tinha caído do banco do parque. E se machucou, tanto por fora, quanto por dentro. Seus joelhos ralaram, mas seu coração estava despedaçado. Tudo que sonhara era mentira. Tudo, tudo.


  
 


Era uma vez uma menina

Que vagava sozinha pelas ruas

E ela me ensina

Que a imaginação é toda sua.

E deitada num banco de uma praça

Ou na relva, num parque

O seu livro ela abraça

E me diz tudo o que sabe.


 




Capítulo 1
O começo

Brasil, 1969

       Havia uma garota deitada no chão sobre pedaços de papelão. Embora o Rio seja um estado quente, estava frio, chovendo. E ela estava lá, intocável. Dava para perceber que estava com frio e fome. Mordia os lábios e passava os pés um no outro para aquecê-los. Estava abraçada a um livro. Já era noite e a única coisa que ela queria era dormir.
       Acordara com um movimento nas ruas, e notou que escuridão da noite já não estava mais lá. Era manhã, mais uma longa manhã e o amanhã de ontem. Pensou em quantos “amanhãs” seriam iguais a ontem, tristes e sem esperança. Encolheu-se.
      Estava debaixo da marquise da padaria. O cheiro de pão era tentador, mas deveria contentar-se apenas com isso. Não tinha um tostão sequer.
      Devem estar se perguntando ‘O que uma menina de 10 anos está fazendo nas ruas?’. Ela não tem família. Seus pais morreram há algum tempo. A única coisa que lhe restara fora o livro que sua mãe lhe dera. Ela sabia ler, muito bem por sinal. Aprendera com seus pais. E escrever era sua forma de vida.
      
     - Sua imunda desgraçada! Quantas vezes tenho que dizer para sair da frente da minha loja? – gritava o padeiro, forçando-a a sair de lá.

     - Me solte! Não estou fazendo mal a ninguém! – dizia a menina.

      - Não quero mais vê-la aqui! Vá embora! E rápido! Agora! – gritava o homem fora de si.

     Só deu o tempo de pegar seu livro, a única lembrança de seus pais. “Alice no país das maravilhas” era o título.
    Correu o mais rápido que pôde. Mas, esbarrou em uma pessoa.

    - Me desculpe – disse a menina com a cabeça baixa.

    - Ah, tudo bem – disse outra garota de rua. – Alice no país das maravilhas!      É o meu favorito! – exclamou a menina, deixando a insegurança um pouco de lado.

    - O meu também! Meu nome é Sarah, e o seu? – sorriu, pela primeira vez, a menina.

    - Lidia.

    - Prazer.

As duas sorriram.

    - Você deve gostar de ler, não é mesmo? - perguntou Sarah.

    - Sim, como você. E, nesse caso, preciso levá-la a um lugar – disse Lidia.

    - Para onde? – perguntou a menina Sarah, sabendo que se tratava de uma aventura.

   - Ao país das maravilhas – respondeu sua nova amiga.


 

Escrito por Taiane Sena.

Estações de silêncio

Em silêncio eu me encontrei
em meio ao seu abraço
e que silêncio tão barulhento
e o tempo que desfaço

Um milhão de pensamentos
que não estão ocupados nesse momento
a vida que tropeça,
mas olho pra você e invento

Num momento tudo está em paz,
minha mente, tortuosa, vívida e colorida
tão primaveril e também gelada como o inverno
me fez achar você, me fez enxergar a vida.

Escrito por Taiane Sena.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

História sem título

Bem, pessoal, eu escrevi essa história com o intuito de continuá-la, mas faz tempo que não escrevo a continuação, nem tenho título para ela. Mas espero que gostem!


***

É uma noite fria e chuvosa. A lua está cheia no céu. Estou rodeada por ruas estranhas e escuras, mas ao mesmo tempo, tão familiares. Incrivelmente, sei para onde ir. Meus pés parecem estar me levando para um lugar seguro.
De repente, tudo fica branco. Vejo-me como se fosse num desenho. De repente tudo volta ao normal. Parece que cheguei ao lugar onde meus pés me levaram. É um lugar esquisito. Com bares nas esquinas, com música alta. Então todos os bares decidem colocar música alta, e o pior de tudo é que são músicas diferentes, causando uma poluição sonora. Meus ouvidos doem. A multidão, um tanto bêbada, começa se agitar, e num instante ouço a voz de uma criança:
         - Me ajude, Isadora!
Ela precisa de minha ajuda. Corro na direção da voz, mas ela parece estar vindo de todo os lados. Como se fosse um narrador. Quando acho que estou chegando perto da voz da criança, que grita cada vez mais, a multidão me empurra e quase caio no chão.
Estou na praia. Como parei aqui, não sei. Só sei que minhas pernas doem. Parece que corri muito para chegar até aqui. A vista é linda. Os barcos passam, sonolentos. Lentos. E sinto sono. Um sono incontrolável. Deito na areia, meus olhos pesam e fecham e não me lembro de mais nada.
Acordo, com pessoas gritando. “É ela!”, ouço as vozes. Não sei o que fiz. Não sei quem sou. Apenas sei que estou confusa. Estou com dor de cabeça. Não conheço aquelas pessoas, não conheço aquele lugar. Estou em meio a uma cidade. Cheia de gente. E há várias pessoas ao redor de mim, e cada vez mais pessoas chegam para saber o que está acontecendo. O terrível é que elas acabam concordando com as outras, e parecem furiosas. Uma fúria quase animalesca.
Tenho me defender.
         - Mas o que foi que eu fiz? – pergunto. Não me lembro de nada. Levo minha mão à cabeça. Está sangrando.
       - Além de não ter compaixão, é sonsa! – diz uma mulher.
       - Você sabe muito bem o que fez! – um homem cuspe as palavras com tanta rapidez que me ferem. “Não, não sei”, penso.
         - Deixar aquela menina morrer! Você merece ser apedrejada! – grita uma mulher de azul.
Então, me lembro. A menina. Ela me chamou. Ela gritou por ajuda. E o que eu fiz? Não pude fazer nada! Não é mesmo?
Tento justificar meus atos. Mas, ao mesmo tempo me pergunto se não poderia ter me esforçado mais, ter feito meu corpo reagir. Ter corrido. Uma menina, uma criança. Devia ter uns 9 anos... E agora ela está morta! Tento me justificar tanto pra mim mesma, quanto para eles, em meio aos meus gaguejos.
Ouço um urro sair de minha garganta. Um urro de dor, de culpa. Me bateram ou estou sentindo a dor de não poder voltar à trás?
Acordo, e ainda está de noite. “Fui apenas um pesadelo”, digo para mim mesma. E repito essas palavras para mim, e elas ecoam em minha cabeça.
Vou até a cozinha e pego um copo d’água. Subo as escadas de novo, mas não vou para o meu quarto. Sigo o caminho até o quarto dos meus pais, onde costumava ir quando era pequena quando tinha pesadelos. Apesar de já ter 16 anos, ainda acho conforto no cafuné de minha mãe e as palavras doces de meu pai.
Chego lá, mas não encontro ninguém. Há apenas um bilhete em cima da cama. A letra é irreconhecível. “Sabíamos que viria aqui. É seu instinto, não é? É que faria numa situação dessas. Mas você os matou, Isadora. Os matou e sabe muito bem disso.” Minha garganta fecha e tento correr. Vozes ecoam dentro do meu cérebro. “Você os matou”. Tento correr de novo, mas meus pés parecem estar grudados ao chão. “Os matou”. Quem teria escrito o bilhete? E seria verdade? Onde estão todos? Por que tudo está tão estranho? “Você os matou, Isadora”. Uma lágrima desce por meu rosto. Fui realmente capaz disso? Por que eu fiz isso? “Os matou e sabe muito bem disso.” Eu simplesmente me odeio. “Você os matou e sabe muito bem disso”. Passo quase a acreditar nessas palavras. E me odeio mais.
***
- Doutor, ela é uma humana não modificada.
- Tem certeza? - diz um voz masculina, com certo espanto.
- Sim, é. Os exames não mentem.
- Falarei com Nero e perguntarei o que faremos com ela.
- Com todo respeito, senhor, mas não acho uma boa ideia. Acho que temos de levá-la para Ivo. Porque o senhor sabe que esses exames fazem parte do processo de modificação e pelos índices ela se sairia muito bem.
- Ok, leve-a para Ivo quando acordar.
Ouço à tudo aquilo, perplexa. “Ela é uma humana não modificada”. O que ela quis dizer com aquilo? Será mais um sonho, ou realidade? Mas tudo parece tão real, mas tão confuso que não consigo saber mais o que é delírio e o que é realidade. Subitamente, o sono vem. Aposto que viram meus olhos um tanto abertos, apesar de minha visão estar turva e eu não poder enxergar grande coisa. Só seres embaçados. Com certeza eles não querem que eu saiba sobre o resultado do meu exame.
 - Esse medicamento resolverá – diz uma voz masculina.
E vejo a escuridão. 


Escrito por Taiane Sena.